Na jornada turbulenta do desenvolvimento de software, nos deparamos frequentemente com um grande desafio: a necessidade de persuadir a liderança sobre a importância crítica de dedicar recursos para a resolução da dívida técnica. Esta situação pode facilmente ser imaginada como uma saga épica, onde a disputa não é entre heróis e vilões tradicionais, mas sim entre a visão de longo prazo do desenvolvimento sustentável e os constantes apelos urgentes do "precisamos disso ontem". Então, como podemos navegar eficazmente por essa tempestade?
Nos meus mais de 20 anos de experiência em Tech, aprendi na prática que a comunicação eficaz é a chave. Mas, não basta apenas comunicar; é preciso falar a língua dos stakeholders, traduzindo a dívida técnica de um conceito abstrato para termos concretos de impacto no negócio. Atrasos no lançamento de novas funcionalidades, aumento dos custos de manutenção e uma possível perda de competitividade no mercado são apenas algumas das consequências tangíveis que podem chamar a atenção para a gravidade do problema.
O próximo passo é munir-se de dados. Argumentos baseados em números concretos têm um peso considerável. Apresentações envolvendo estudos de caso, benchmarks da indústria e, se aplicável, análises internas que ilustram o impacto negativo da dívida técnica no sucesso dos projetos são fundamentais. Demonstrar como o investimento na mitigação da dívida técnica pode levar a economias significativas a longo prazo e permitir que a equipe se concentre em inovações valiosas é um argumento persuasivo.
Fazer aliados dentro da organização é outra estratégia eficaz. Engaje stakeholders de diferentes departamentos, como qualidade, suporte e operações, que possam ter uma visão direta dos desafios impostos pela dívida técnica. Eles podem oferecer perspectivas valiosas e reforçar os argumentos pela necessidade de sua redução.
A seguir, é crucial propor um plano de ação concreto e factível. Identificar o problema é o primeiro passo; o próximo é apresentar uma solução viável. Desenvolver um plano detalhado, incluindo estimativas de custos e cronogramas para a resolução da dívida técnica, é essencial. Esse plano deve ser integrável aos ciclos de desenvolvimento existentes, talvez reservando uma porcentagem de cada iteração para a resolução da dívida técnica, de forma a não comprometer significativamente o desenvolvimento de novas funcionalidades.
Por fim, é importante destacar o valor da prevenção. Além de tratar os problemas existentes, sublinhe a importância de adotar práticas que possam prevenir o acúmulo futuro de dívida técnica, como revisões de código, testes automatizados e integração contínua. Isso demonstra um compromisso com soluções de longo prazo e a sustentabilidade do projeto.
No fim do dia, nosso objetivo primordial é desenvolver produtos de software que não apenas atendam às demandas imediatas, mas que também sejam sustentáveis, manuteníveis e evolutivos ao longo do tempo. Convencer a liderança a alocar recursos para a redução da dívida técnica é um passo fundamental para alcançar esse objetivo.